Para nós, é de extrema importância que nossos leitores estejam abertos a novas ideias e opiniões, e que não tenham medo de mudar suas próprias perspectivas quando se aprofundam em um assunto. Muitas vezes, mantemos uma opinião sem ter explorado completamente um tema e suas diversas facetas.
Por isso, antes de iniciarmos o texto, gostaríamos de fazer uma pergunta. Iremos repeti-la novamente ao final do artigo para verificar se a opinião do leitor mudou após a leitura.
O Viés Egocêntrico e a Importância da Sorte no Sucesso
Durante o isolamento social da Covid-19, uma manchete viralizou: quase metade dos homens dizem contribuir com a maior parte das atividades escolares feitas em casa pelos filhos, enquanto apenas 3% das mulheres concordam. Isso é um exemplo do viés egocêntrico, ou seja, a maioria das pessoas acha que faz a maior parte do trabalho. Isso se aplica a casais quando perguntados sobre as tarefas domésticas que fazem, o número ultrapassa 100%. Entretanto, quando perguntados sobre o número de brigas iniciadas ou a quantidade de bagunça feita, o total também ultrapassa 100%. As pessoas acham que fazem a maior parte do trabalho e causam a maioria dos problemas.
O viés egocêntrico pode nos fazer subestimar a influência que outras coisas têm em nossas vidas, como a sorte. Jogadores de hóquei, por exemplo, podem mencionar o trabalho duro, determinação, bons treinadores e o apoio dos pais como fatores que os ajudaram a chegar à NHL (National Hockey League = a principal liga de hóquei no gelo profissional da América do Norte). No entanto, eles provavelmente não reconhecem o quanto são sortudos de terem nascido em janeiro. Durante muitos anos, 40% dos jogadores selecionados para as ligas de elite nasceram no primeiro trimestre do ano, comparado com apenas 10% no quarto trimestre. A razão para essa disparidade é que a data limite de inscrição das ligas infantis é 1º de janeiro. As crianças mais velhas, nascidas na primeira parte do ano, são em média maiores e mais rápidas que as crianças nascidas no final do ano. As crianças mais promissoras recebem mais tempo na pista e participam de mais torneios, onde recebem mais treinamento e melhoram suas habilidades. Essas vantagens se sobrepõem ano após ano, então, quando chegam ao profissional, as datas de nascimento são fortemente enviesadas para o início do ano.
A maioria de nós é amplamente desatenta aos eventos favoráveis que apoiam nosso sucesso. A parte da sorte que muitos de nós gozamos é ter nascido em um país próspero. Cerca de metade da variação das fontes de renda das pessoas ao redor do mundo é explicada pelo seu país de residência e pela distribuição de renda daquele país. Se você nasceu no Burundi, por exemplo, que tem a menor renda per capita de apenas 730 dólares ao ano, não importa quão esperto ou esforçado você é, é improvável que ganhe muito na fase adulta.
Muitas pessoas ficam ofendidas se apontamos o quanto a sorte tem participação no seu sucesso. Entretanto, a verdade é que precisamos de ambos: habilidade e sorte. Todos os atletas que alcançaram recordes mundiais são obviamente atletas de elite, extremamente dedicados e talentosos. Quando eles conquistaram seus recordes, sete dos oito tinham o vento a favor. Todos esses atletas tinham condições de ganhar uma medalha de ouro, mas alcançar um recorde mundial necessita um pouco de sorte adicional, como ter as condições climáticas ideais ou estar em sua melhor forma física no momento certo. Reconhecer a importância da sorte não diminui os esforços e habilidades de alguém, mas nos ajuda a entender que o sucesso nem sempre é inteiramente atribuível ao mérito individual. Isso nos ajuda a ter mais empatia e compreensão em relação aos outros que podem estar em desvantagem devido à falta de sorte.
No entanto, quando reconhecemos o papel da sorte em nosso sucesso, isso não diminui nossas realizações ou habilidades, mas nos ajuda a ter empatia e compaixão pelos outros que não tiveram as mesmas oportunidades que nós. Isso também pode nos motivar a trabalhar em prol de uma sociedade mais justa e equitativa, onde todos têm as mesmas chances de sucesso.
Além disso, quando reconhecemos o viés egocêntrico em nossas percepções, podemos começar a nos questionar e avaliar nossas ações de forma mais objetiva. Podemos tentar ser mais conscientes de como estamos contribuindo para o mundo ao nosso redor e procurar maneiras de ajudar os outros.
Em suma, a sorte desempenha um papel importante em nossas vidas e reconhecê-la não diminui nossas realizações pessoais, mas nos ajuda a ter uma perspectiva mais ampla e empática em relação aos outros. Ao nos conscientizarmos do nosso viés egocêntrico, podemos ser mais objetivos em nossas percepções e ações, tornando-nos pessoas mais colaborativas e engajadas com a sociedade como um todo.
Então a culpa é do pobre por ser pobre?
Não, não podemos culpar os pobres por serem pobres. É importante lembrar que muitas vezes a pobreza é resultado de fatores externos, tais como a falta de oportunidades, a desigualdade social, a discriminação e outros obstáculos que dificultam o acesso a recursos e condições necessárias para o sucesso.
Além disso, é importante lembrar que a sorte também desempenha um papel significativo no sucesso de uma pessoa, como mencionado no texto acima. Muitas pessoas que nasceram em situações desfavorecidas não têm as mesmas oportunidades e recursos que outras, o que pode tornar mais difícil para elas alcançar o sucesso. Isso não significa que elas sejam menos capazes ou menos esforçadas, mas sim que elas enfrentam obstáculos adicionais.
Ao culpar os pobres por sua própria pobreza, estamos ignorando esses fatores externos que contribuem para a desigualdade e perpetuando a noção de que o sucesso depende apenas de habilidades individuais e esforço. Isso pode levar a uma falta de empatia e compreensão para com aqueles que enfrentam dificuldades, e pode dificultar a criação de políticas e medidas eficazes para reduzir a pobreza e a desigualdade.
Em vez disso, devemos trabalhar para criar um sistema mais justo e equitativo que dê a todos a oportunidade de prosperar, independentemente de sua situação socioeconômica. Isso pode incluir medidas como programas de assistência social, investimentos em educação e treinamento profissional, e políticas que visam reduzir a desigualdade e a discriminação.
Então, agora que você leu o artigo, vamos repetir a pergunta: